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Irmão Índio


Em um domingo qualquer, pode ser naquela manhã ensolarada ou até mesmo nas preguiçosas manhãs frias, sem um motivo especial, em um campo longe para todos, carros vão chegando e com eles o som de boas risadas. Pela felicidade e a bagunça já dá para saber que os índios estão se reunindo.

São jogadores de clubes variados, alguns nunca haviam jogado, com os mais variados estilos, com personalidades as vezes conflitantes, mas que se harmonizam para fazer o que tanto gostam, jogar baseball.

Aos poucos vão caminhando para o refeitório, vão acomodando suas malas, cumprimentando os amigos, se reunindo em uma grande roda para começar as mais variadas conversas sobre trabalho, estudos, comida, mulheres, namoradas, esportes e claro que não pode faltar o tal do baseball.

Para variar um pouco a conversa se prolonga, é preciso vir o técnico, ou o capitão, chamar a atenção de todos para irem logo se trocar para começar logo o treino, e assim, um a um, os jogadores vão tomando coragem, pegando os materiais, e se dirigindo para o campo.

No ANC (Anhanguera Nikkey Clube), local onde os índios treinam, para chegar ao campo você precisa descer uma longa escadaria, caminhar alguns metros, atravessar a grade e só assim você vai adentrar ao local sagrado, o campo de baseball. E assim que fazem isso os atletas vão se acomodando no bentch (aquela casinha onde os jogadores ficam), vão trocando os calçados pelas chuteiras, separando as bolas de treino, tirando os Gloves (luva de defesa) da mala e arrumando os bastões.

Todos entram em campo, é feito uma roda, o capitão fica no meio e começa a puxar o alongamento, e as caretas começam à aparecer, flexibilidade não é uma marca registrada desses jogadores. Feito o que deve ser feito, quem é de correr vai dar uma volta no campo e quem não é de correr se junta para voltar a conversar sobre alguma coisa.

Os corredores voltam e logo começa o chamado Cachtball, um treino em dupla onde os jogadores lançam a bola para seu parceiro para aquecerem o braço, sentir como estão os arremessos, tentar identificar algum tipo de dor e assim por diante.

Em um cenário ideal, quando esse aquecimento específico é concluído, os outfielders (jogadores que defendem a parte externa do campo) vão para a gaiola (local onde se treina as rebatidas) e os infielders (jogadores da parte interna do campo) tomam suas posições para começar o treinamento. Mas, infelizmente, não assim que acontece.

Os infielders vão para suas posições e os outfielders vão ajudar os companheiros do time nessa parte do treino. A ajuda vem das mais variadas formas, tanto para recolher as bolas que sempre escapam, ficar de corredores nas bases para simular situações de jogo e até mesmo rebater bolinhas para os companheiros treinarem. Feito isso, é hora de inverter a situação, repetir o processo, quem não joga na posição que está tendo treino ajuda os amigos da forma que pode.

Geralmente essa é a parte que os jogadores menos gostam, é necessário correr muito, as vezes tomam boladas, se machucam de alguma forma. Mas feito isso, vem a melhor parte do treino, as rebatidas.

Todos se dirigem para a gaiola e a bagunça vai junto. O treino de rebatidas é composto de varias etapas:

- TeeBatting: onde um jogador joga a bola em uma distancia curta para o companheiro rebater

- FuriBatting: onde um jogador, protegido por uma tela, lança para o outro rebater. Os arremessos são para simular um jogo, ou seja, quem está lançando varia a bola para dificultar ao máximo as rebatidas. Esse tipo de treino é feito na gaiola e no campo, ajudando o rebatedor a sentir como está a sua batida

- Batting T: onde é colocada a bolinha em um suporte e o atleta deve rebater. Esse tipo de treinamento é feito para que o rebatedor explore suas dificuldades e concerte seu ponto de impacto.

Mas nada é tão simples quando falamos desse time, os índios são conhecidos por sempre inventarem alguma coisa para estimular o treino, são os mais variados desafios para estimular os jogadores a saírem do conforto, a se dedicarem e principalmente para se divertirem durante o treinamento. Mas, esses desafios são “causos” para algum outro texto, alguma outra hora.

O treino vai se desenrolando, após as rebatidas, o treino de defesa, vem a parte que todos fogem, a parte física. Corridas em torno do campo, corridas no trajeto das bases, agilidade e assim vai. Tudo vai depender da criatividade do técnico e de como os jogadores estão fisicamente.

Após isso, todos se reúnem novamente em um grande circulo e fazem o alongamento para tentarem sentir menos dores no dia seguinte. O alongamento começa e junto à ele começam as brincadeiras e o principal assunto do dia, o churrasco. O alongamento acaba e rapidamente começa a arrecadação de dinheiro para comprar as coisas relacionadas ao interesse comum.

Em quanto os jogadores recolhem os materiais e arrumam as coisas, quem arrecadou e um acompanhante, já correm para o carro e vão ao mercado fazer as compras. Quando retornam, todos já estão próximo a churrasqueira arrumando as coisas, limpando e prontos para o melhor momento do dia.

Nesse momento fica claro o que motiva esses atletas a permanecer jogando, se você pensou churrasco está completamente enganado, essa tribo se junta por um simples motivo, a amizade.

Tão rápido estão reunidos sorrisos surgem em seus rostos, alguns se conheceram a pouco tempo, porem já se conversam e se entendem como amigos de longa data. São irmãos da vida, companheiros nos melhores e nos piores momentos, pessoas com as quais você pode contar para todos os momentos. Respeito, lealdade, união e alegria são a base dessa tribo.

A escolha do nome do time dá a ideia de como esses jogadores agem, todos unidos como uma grande família que esse esporte lhes presenteou.

Índios lutam juntos, são parceiros, são irmãos, enfrentam todas as dificuldades unidos como uma grande família. Na vitória ou na derrota são parceiros, na alegria ou na tristeza estarão todos ao seu lado. Pessoas que você pode contar para tudo na vida.

Ser um índio é respeitar seu parceiro de time, é acreditar que todos podem sempre mais, é ajudar aqueles que estão começando, é se divertir com as coisas mais sem noção do mundo, é rir dos seus erros e se esforçar para conseguir melhorar sempre.

ASCENDERE, DESCENDERE, GANHARE!!!

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